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Qual a importância do professor de guitarra hoje em dia?

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    “Não tenho a menor dúvida que não seria o que sou hoje, se não fosse por meu professor de guitarra. (…) Ele passou a me ensinar tudo o que sabia, o que incluía coisas mais importantes para mim na época, que eram aquelas músicas maravilhosas do Black Sabbath, Van Halen, Robin Trower, Frank Marino e Al Di Meola”

    Zakk Wylde, Guitar Player

  É possível aprender a tocar guitarra sozinho? A resposta é sim. A internet está aí, com toneladas de informações, e vários livros são encontrados com uma facilidade enorme, bem mais do que a 10, 20 anos atrás. Mas o que será correto estudar, em que ordem, quando e como? Um professor possui o papel de orientador, aquele que vai organizar esse mundo todo para o aluno, segundo suas necessidades e anseios, além de passar suas experiências e pontos de vista. Lembro-me a um tempo atrás, que um aluno me pediu para aprender a tocar ”Technical Difficulties” , do Paul Gilbert, porém, ele estava num processo, que poderia chamar de ”desintoxicação”: livrando-se de vícios de postura e começando a entender um pouco mais o que ele já fazia, o que já tocava, porém, por pura intuição. Para quem não conhece, eis aqui a treta que ele quis tocar:

    Logo, suas aulas caminhavam sobre os desenhos da pentatônica, altura correta dos bends, e licks básicos, além de improvisos em blues, para fixar, quando recebi esse pedido. Ao explicar que não seria correto da minha parte fazer isso, pois gostaria de explicar cada conceito usado na música, escalas, para que ele pudesse usar para ele, recebi o outro pedido: ”me ensina sem explicar. Eu não preciso saber o que estou fazendo, aí vou fazendo devagar”. Algum professor sem vergonha, poderia muito bem se aproveitar disso, e fazer a aula render um ano em cima da música, e cagar para o desenvolvimento sólido do aluno, mas sejamos sinceros: para aprender só a ”mecanizar” a música, executar por executar,  você não vai precisar tanto de um professor. Basta pesquisar no youtube alguma vídeo aula, ou pegar alguma tablatura. Mas… como fazer isso virar conhecimento para si? Digitadores de escalas, que reproduzem fielmente nota por nota , porém , não absorvem para si o conhecimento e ideias, têm aos montes por aí. Cabe ao professor mostrar o melhor caminho, para aquilo que o aluno ouve e o emociona, aquilo que o faz vibrar, vire música em suas mãos, e conhecimento em sua cabeça! E cabe ao aluno dar valor a isso também! Tenho feito um material sobre pentatônicas, unindo desde abordagens clássicas, até mais modernas, e disponibilizado o material nas aulas. Uma folha dessas pode demorar um dia para ser composta, e 15 segundos para ser impressa, e um par de aulas, para ser explicada, mas foram, para mim, 10 anos de estudo sobre o assunto, que organizei de uma forma, que pudesse ser mais produtiva e prática, do que foi para mim na época. Um bom professor , é aquele também que incentiva , puxa a orelha, enche a paciência para usar o metrônomo, aborta uma aula para conversar ( lembro-me de alunos chegando com mil problemas, sem render na aula, e após uma conversa, em que foram ouvidos, tudo fluiu depois ), e serve de espelho para o aluno, mostrando-se como resultado daquilo que ele mesmo ensina.

    Quando possui um material bem organizado, um bom professor pode sim, fazer toda a diferença no aprendizado, e se você possui um, sugue ao máximo seu conhecimento. E se você é um professor, lembre-se que lida com sonhos, e sua função é fazer com que cada aluno, dentro de suas necessidades, sonhe ”acordado” sempre!

522369_365152026909512_429593611_nkkkk  Herick Sales, músico e professor a mais de 10 anos.