Slash – Dando o seu melhor no pós-Guns N’ Roses
Sei que vou ser xingado por uns, mas ok. Antes de mais nada, quero salientar que sou guitarrista, professor, e não sou fã radical do Guns, então farei uma avaliação com ares um pouco técnicos e mais isentos quanto à banda que lhe deu projeção, porém são opiniões e você pode discordar na boa. 😉
Slash possui uma grande influência do rock e hard rock clássico dos anos 70, como AC/DC, Aerosmith, Led Zeppelin (essas 3 bem explícitas, tanto na forma de tocar, quanto na postura), e em momentos mais virtuoses, tem influência de músicos como Michael Schenker (Ufo). Sua forma de tocar é calcada fortemente no blues rock, e com isso ele passeia por várias vertentes, do pop ao metal, e todas essas características ficaram explícitas no mega clássico Appetite for Destruction, e nos mais ecléticos Use Your Illusion I e Use Your Illusion II (eu sempre achei que se fosse condensado em um único álbum, seria um registro perfeito). Mas e depois? Veio o fraco The Spaghetti Incident?, sua saída da banda, e 2 álbuns na acunha do Slash’s Snakepit, mas parecia que faltava algo. Essa história começou a mudar em 2002 com a criação do Velvet Revolver, que adicionou ninguém mais ninguém menos que Scott Weiland! Vamos ser sinceros? Ia dar merda essa porra, e deu! Mas não sem antes entregar 2 belos álbuns! O primeiro deles, Contraband de 2004, uma mistura das duas bandas: hora meio Guns, hora meio Stone Temple Pilots, já trazia um Slash diferente, mais pesado e direto do que o normal, como se quisesse se distanciar um pouco da pomposidade dos Illusions. Já de cara vemos isso com a faixa Sucker Train Blues, seguida da Do It For The Kids (essa é muito Stone Temple Pilots), a absurdamente pesada Headspace e os 2 maiores hits da banda, Fall to Pieces (essa poderia ter sido do Guns tranquilamente) e Slither.
Já no segundo álbum, Libertad, a banda passou a soar mais homogênea, não como suas antigas empreitadas, e sim como Velvet Revolver. E dá pra ver isso já de cara na música Let It Roll. Daí em diante, é uma canção melhor que a outra, num álbum que trouxe algo que se evidenciaria mais e mais nos trabalhos do Slash: refrãos grudentos e fortes, além de solos cada vez mais trabalhados!
Aí deu merda. A banda deu uma pausa que dura até hoje, e Slash resolveu gravar um álbum solo, mas ao contrário do que uns esperariam, não era instrumental! Era um álbum com seu nome na capa, e participações que iam desde Ozzy à Fergie, passando por Lemmy e por aquele que viria a ser sua alma gêmea musical: Myles Kennedy! Podemos notar aqui, algo impressionante: seja num momento pop, num rock suave, num hard ou num quase thrash, Slash trabalha em prol da música, ao estilo de cada vocalista e sem deixar de ser ele!
E por falar em Myles Kennedy, preciso dizer algo do meu ponto de vista: Myles é disparado o melhor vocalista que Slash já trabalhou (ao menos tecnicamente falando). O cara canta tudo com perfeição! Assim, surgiu seu segundo trabalho, Apocalyptic Love, com mais uma cassetada de canções fodas, como a faixa título, One Last Thrill (essa poderia estar tranquilamente no Appetite), You’re a Lie, Bad Rain e na que considero a melhor música da sua carreira, tendo equilibrado na mesma tudo que ele já fez na vida, e que mostra como ele evoluiu tecnicamente: Anastasia.
Lembra que falei sobre refrãos? Em World on Fire a química com Myles chegou num patamar absurdo em que cada música poderia ser single, hit, seja lá como queira, tamanha a qualidade de cada uma, seja em riffs, solos ou melodias vocais. E segue Slash tocando cada vez melhor, seja tecnicamente quanto melodicamente. Vou destacar algumas só pra ajudar…
E por fim, Slash volta a fazer turnê com o Guns N’ Roses, junto do seu amigo Duff, e veio a ideia de que sua carreira solo seria deixada de lado. E para a minha felicidade (e de muitos), não foi. Tendo gravado as guitarras digitalmente, sei lá que macumba ele fez que parece ter gravado em amplificadores muito bem timbrados, há poucos meses saiu o álbum Living The Dream. É chover no molhado enumerar as boas canções e riffs, mas quero destacar duas em especial:
- The Great Pretender: Slash sempre foi um cara da Les Paul, e aqui parece que ele quis prestar uma homenagem a um mestre do blues, o saudoso Gary Moore, tanto que ela lembra muito a estética da linda Still Got The Blues. Não há uma nota desnecessária, e a interpretação de Myles parece sair da alma. Pra mim, a melhor música do ano disparada!
- Boulevard Of Broken Hearts: Soando moderna e com um clima que poucas vezes foi abordado na sua musicalidade, ela começa com um riff em uma corda, que vai se desdobrando até um refrão que explode, um interlúdio extremamente viajante e um solo…ahhhh, que solo! Apenas ouça!
Pra fechar, afirmo que você pode e tem todo direito de discordar, mas vale a reflexão: Slash é muito mais do que o Guns, e mostrou que o que ele lançou com o mesmo, foi só o começo, pois o melhor ainda estaria por vir. E que continue assim…
Cinco solos em que John Petrucci mostrou suas influências na guitarra:
Todos nós sabemos que John Petrucci é um monstro técnico da guitarra, influenciado por Rush, Steve Vai, Satriani, Steve Morse, etc. Ok. Goste ou não, é algo de se admirar a soma de linguagens que seu estilo inclui. Se por vezes, ele extrapola no quesito “mil notas por segundo”, o que pode soar meio maçante (ainda mais no Dream Theater, que tem como característica musical uma overdose de informações), por vezes ele demonstra suas outras influências um pouco menos óbvias, soando diferenciado e marcante, como nesses exemplos abaixo:
Learning To Live – álbum Images And Words
O solo de violão de Learning To Live , é dotado de uma influência flamenca do mestre Al Di Meola, conhecido por misturar palhetadas velozes, a um estilo latino com uma pegada furiosa. Tal característica, influenciou outros mestres de Petrucci como Paul Gilbert e Randy Rhoads. Acha que foi de onde que Petrucci catou esse espírito de palhetar tudo?
Scarred – álbum Awake
Na introdução desse bela canção, Petrucci passeia com uma pegada bem diferente do que acostumamos ouvir: licks e frases melódicas calcadas no blues, são costuradas na introdução, mostrando influência de um de seus ídolos: ninguém menos que Stevie Ray Vaughan.
Trial Of Tears – álbum Live At Budokan
Aqui há uma característica fusion bem latente. Petrucci cita uma de suas grandes influências, Allan Holdsworth, abusando mais dos ligados, e rítmica similar a do mestre (articulação essa, que influenciou outros ídolos dele como Vai). Note também, que ele cria em cada acorde da progressão sensações diferentes, interpretando cada um de várias formas, criando belas tensões.
The Spirit Carries On – álbum Score (20th Anniversary World Tour)
Extremamente melódico nesse solo de intro, Petrucci cita o estilo de David Gilmour de forma escrachada, passeando com bends, vibratos e melodias, que nos remetem ao estilo da intro de Coming Back To Life, do álbum The Division Bell, do Pink Floyd.
Wither – álbum Black Clouds & Silver Linings
Nessa eu vou fazer até uma brincadeira: ouça antes o solo de Bohemian Rhapsody, do Queen, e depois ouça o da canção Wither. Duvido você não achar estilisticamente parecido: uma entrada pomposa, e um clima crescente que te puxa para frente, escancaram a influência de Brian May, do já citado Queen. Curiosidade: é fácil achar no youtube, covers que o DT fez para músicas do Queen, como a trinca Tenement Funster/Flick Of The Wrist/Lily Of The Valley, e a própria Bohemian Rhapsody.
PENTA HARD! Um minuto, um lick!
Quantas vezes ficamos presos aos desenhos de pentatônica, com licks mais clássicos, porém, sem desenvolver a mesma por todo o braço, com diferentes visualizações e técnicas? É isso que trago para vocês, nessa série de 10 vídeos-aulas de 1 minuto, com partitura/tab no início, execução lenta e depois rápida. E nesse primeiro vídeo, trouxe um lick em Am que possui um estilo de repetição de notas, feito por guitarristas como Gary Moore na sua fase hard rock, e que hoje ganha vida nova nas mãos de caras como Zakk Wylde. Aqui faço algo um pouco diferente: emprego emendas nas notas mais agudas: desenho 4 e 5, 5 e 1, 1 e 2. Tudo executado em sextina (6 notas por tempo), e palhetada alternada. Tome cuidado com a abertura que de início pode incomodar, e com a palhetada para sair clara. Como é uma região próxima e apenas em 2 cordas, poupe movimento de ambas as mãos. Por fim, cuidado na troca de técnica de palhetada para ligado, e com a blue-note que coloquei ali. Até a próxima!
As viúvas do rock/metal
“Sepultura acabou em 1996”, “Ah, Deep Purple com Morse, não é Deep Purple”, “Lynyrd Skyrnyd é uma banda cover de si”, e por aí vai. Quantas vezes esbarramos nessas declarações, não é? Hoje ela estão bem mais vivas, com o lançamento do excelente Machine Messiah, que tem um brilhantismo que mostra o amadurecimento, conhecimento, e pegada de uma banda sincronizada. O Sepultura de hoje possui um baterista acima de todas as expectativas, e Derrick achou seu lugar na banda, com um vocal diferenciado e bem agressivo. Logicamente, após a saída do Max, a banda ficou meio perdida com lançamentos fracos, mas também, né? Chegar a esse nível de sucesso e tudo mudar do nada, deve ser bem complicado mesmo, mas há tempos a banda demonstra que se achou (na minha opinião, isso ocorreu no ótimo Kairos), e sejamos sinceros: Machine Messiah nunca teria sido lançado com Max e Igor na banda. Ponto final. Se eles estivessem, seria um álbum melhor? Não sei. Diferente? Com certeza. O que importa é que eu aproveito o que a banda tem de bom a me oferecer musicalmente agora. Sem mi mi mi. Eu não me privo de conhecer o que eles irão apresentar com uma nova formação, afinal, a vida segue em várias esferas: trabalho, relacionamentos amorosos, amizades, etc. O Deep Purple sofreu muito com isso, com a entrada de Steve Morse. O cara já tomou até cuspida no palco! Se não curte a formação, pra que o sujeito sai de casa pra ir ao show, e fazer isso? Enfim… qualidade técnica a ele não falta, e o melhor: Morse devolveu o espírito alegre aos shows do Deep Purple, com aquela onda de improvisos, e ajudou a banda a lançar bons discos, dentre eles o sensacional Purpendicular. A permanência de Blackmore traria o fim da banda, e não teríamos a oportunidade de vê-los com Steve Morse, dando cara moderna a mesma, e shows tão legais. Mas vai o fã boy, e diz que preferia que a banda tivesse acabado. O Lynyrd Skyrnyd nem se fala… com o vocalista Johnny Van Zant (prestando uma bela homenagem ao irmão falecido no fatídico acidente de avião), e o guitarrista Gary Rossington (único membro original, que sobreviveu e está lá até hoje) a banda continua. Gente! Porra! O irmão do vocalista está levantando a bandeira (sem piada com a bandeira dos confederados…), levando as belas canções da banda juntamente de um dos membros que sobreviveram a esse acidente, e pra variar lançando bons discos! Havia uma época em que eu me sentia meio carente de um puta álbum de rock n’ roll, daqueles que só víamos antigamente, e me deparo com os belíssimos God & Guns e Last of a Dyin’ Breed! Mesmo com todas as adversidades, a banda lançou álbuns que podem figurar entre os melhores, e tem gente que ainda teima e nem se permite ouvir, despidos de preconceitos. Pobres almas…
Por fim, sabe quando um rapaz namora uma moça por um tempo, pessoal acostuma com aquela dinâmica, mas o relacionamento azeda, termina, ele conhece outra e reencontra a felicidade, dando sequencia a vida? Então, esses “fãs” tão “fãs” soam como uma tia velha, daquelas bem chatas, que não querem saber se o rapaz está bem hoje, feliz, etc. Fica sempre resmungando: “Não gosto dessa garota! Por mim você ainda estava com sua ex…”. Azar o deles…